Meu Conto de Verão – 06

Na noite do cinema eles se encontraram as 16h. Eu cheguei em casa logo após, bem mais tranquilo com relação a tudo e pensando realmente que tinha conquistado um grande amigo e apagado o resto da minha mente.

Eles estavam conversando e brincando, eu tentando demonstrar o máximo de confiança para não perder as estribeiras.

Conversamos animadamente durante algumas horas, a cumplicidade entre nós, atingiu níveis inesperados e inacreditáveis. O papo envolvente e confiante. O toque surgiu de maneira casual e terna. Cinema, diversão e piadas de duplo sentido. Os 3 estavam tendo um grande encontro de amigos.
Em casa o papo continuou, vários assuntos, o toque voltou despretensioso. As coisas foram aos poucos mudando, o contato começou a ficar forte em alguns momentos e em outros momentos mantinha-se leve e descontraído. Os 3 deitados juntos na cama, inacreditável o nível de intimidade, volta o tesão, aumenta o calor (pernas, dorso, ombros, no toque das maos e do corpo), cumplicidade (corpo febril, excitação declarada), fraternidade (cara, te vejo como um irmão). A cama na sala e a música eram o pano de fundo para uma conexão sem precedentes. O envolvimento completo no prazer, tão completo que a mente perdia o sentido e o corpo tinha impulsos próprios. O prazer extremo na voz, na pele, no cheiro. Conversas desencontradas, chuveiradas frias, descanso e piadas sem sentido. Ciclos de carinho, excitação e risos.
Passamos o resto da sexta-feira desta forma. Deitados os 3 na cama curtindo um ao outro, tanto emocionalmente quanto fisicamente. O sexo era um assunto presente e um dos prazeres que nos permitíamos estimular mas sem toque direto.
Acabamos adormecendo, os 3, na mesma cama.

Não entendo como ou porque me permito sentir estas coisas. Entendo menos ainda quais são os motivos que fazem o rapaz permitir que eu e meu parceiro estejamos tão próximos dele assim. Fico preocupado com diversas coisas, coisas absurdas como estarmos sendo envolvidos em um golpe, ou em estarmos aproveitando o rapaz pelo mero prazer, embora meu coração bata forte apenas com um sorriso dele. Também me passa pela cabeça que ele esteja se doando fisicamente em função da amizade que sentimos entre nós, como pagamento pela carência de afetividade que demonstra ter, isso faz com que eu me sinta absolutamente sujo e vil.. Sei o que sinto, mas não entendo, minha mente está confusa.

Compartilhe nosso conteúdo