A Escolha do Homem

O perdão susurra no ouvido do homem
“Esqueça e baixe sua cabeça ao ouvido do pecador”
A vingança grita em sua face
“Doa e macere a carne, destrua e entenda como ele sentiu-se ao fazê-lo”
A dor, presente nos vestígios do homem que resta, implora para ir embora mas a roda dos mundos não permite.
-Venham! Venham! Chorosa ela chama o perdão e a vingança e coloca os dois lado a lado, num debate sobre a certeza dos seus atos.

Eu esqueço os seus erros, esqueço o seu passado e compreendo a dor que sentiu.
Peço que me procures, me interiorize e aprenda com o que estou lhe demonstrando.
Não sou fácil e tampouco corriqueiro, não erro nos meus atos mas me ter envolve a presença da dor e do esforço pelo justo.

Eu te faço sentir o teu erro, repasso minha dor para ti e espero ter o mesmo prazer do teu ato.
Te vejo sofrer e te sinto doer. Também doi em mim tua prova, mas te ensino através da minha ação.
Eu exijo o orgulho e a peserverança… Também te tiro a dignidade mas te dou o prazer e não erro na minha força.

Enquanto eles discutiam, a dor crescia… Dava voltas no estômago do homem e consumia sua carne e sangue… Por um momento ela cessou, com a força da vingança e do orgulho… Com o perdão vinha a esperança, mas esta depende do pecador e o ele não sabe como agir e a dor retornou macia e intensa.

Eu perdôo tua inocência, teus orgulhos e egocentrismo… Também tua falta de respeito com os sentimentos do homem e teu julgamento pouco embasado. Perdôo tua carência e falta de amor, as tuas frases extremamente elaboradas com sentidos dúbios… Entendo seu sexo e sua inveja pelas aquisições do homem. Entendo sua inexperiência e modéstia… Tua gula, teu peso e tua aparência repugnante… Tenho esperança que te veja novamente, que te sinta novamente e que percebas que entendi tua forma de ser

Eu te devolvo a dor da troca, a dor do sexo e a solidão que tinha te removido… quero te ver absurdamente e descaradamente perdido nas tuas próprias idéias e emoções… Quero que tua alma e teu coração tornem-se pedra e que tu receba em troca todo o sentimento e dúvida que me fez ter.
Quero que a ausência te tire a percepção privilegiada que tanto alardeia e que tu te apaixone pelos esforços orgulhosos de outro tão baixo como tu.
Eu repudio tua alma, tua mente e teu sentimento… Tu não soube dar ao homem o mínimo que ele precisava, portanto receba em troca seu cerne machucado.

A Dor torna-se tão intensa que consome agora a mente e alma do homem… Ele não pensa mais, só grita incontrolavelmente… oscila entre o perdão não pedido e a vingança merecida como as voltas do minuteiro de um relógio. Agora existem duas saídas… A loucura ou o esquecimento…

A loucura torna as coisas fáceis e as ações não precisam ser provadas… Um acúmulo de reações simplistas.
O Esquecimento é um mel doce… Ele implica em apagar as lições aprendidas e buscar, talvez o mesmo erro e as mesmas pedras.

O Homem está confuso, o amor sublime e eterno que sentia, agora oscila entre ódio e indiferença… Cada frase e gesto do pecador transforma esta emoção e intensifica a dor, forçando ele a decidir…

Em um momento do Tempo, ele conhece e reconhece um apoio… Devaneia em opções pouco compreendidas mas certeiras…

Opta por dar o próximo passo, esquecer da dor, esquecer o pecador com meio perdão e meia vingança… Enterrar a história no passado e usar a loucura para ocultar os traços permanentes no seu corpo.
E com esta escolha aprende meias lições…

Mais uma história para contar com jocosa indiferença…
Mais uma história com três partes…
Mais um erro e falácias…

E o Tempo continua mostrando suas ações.

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