Crônica Genérica e Confusa do Dia a Dia
Mais um dia inicia, mais um mes inicia…
Estranho iniciar assim, desanimado, justamente após os meus últimos e maravilhosos dias.
Tive um ótimo final de semana e provavelmente o próximo será melhor ainda, encontro de amigos, algumas festas de baixo custo e uma ótima compania, mas assim mesmo falta algo… Falta aquela vontade de fazer as coisas, de levantar e trabalhar… De dormir…
Pelo que leio nos blogs, vlogs e redes sociais afora parece que isso é um mal da nossa época.
Falando com as pessoas mais velhas da pra perceber bem isso. As pessoas tinham os seus afazeres e as suas preocupações momentâneas e básicas. Algo como tirar leite da vaca ou chegar cedo no trabalho… Se preocupavam bem mais com o agora. com seus vizinhos, parentes e amigos. Um povo com baixa instrução mas com suas felicidades, e não da pra dizer se eram melhores ou piores do que as nossas.
Nós que viemos de uma geração onde a informação é fundamental ficamos presos nessa roda, sem saber o que fazer. Eu, por exemplo, me pego pensando na guerra da coréia do norte com a do sul, nos problemas sociais que o futuro presidente irá resolver, na oscilação da bolsa européia e consequente queda do modelo monetário do Euro. Eu q trabalho com tecnologia preciso saber as ultimas novidades do mundo da informática, procuro jogos novos pro meu celular e músicas novas pra ouvir… Vejo o Jornal Nacional com desânimo porque todas as matérias parecem mais do mesmo e tento ser produtivo no trabalho pra ganhar dinheiro e pagar minha faculdade… Depois de formado penso em trabalhar mais, ganhar mais e gastar mais dinheiro em coisas que gosto, comprar um apartamento com a pessoa que amo e construir uma vida legal juntos… Mas faço isso pensando em um amanhã distante, não no amanhã real.
Estou me usando como exemplo, mas vejo isso ao meu redor o tempo todo. Todos se preocupando com o resto do mundo e se esquecendo de olhar ao seu redor, e mais importante, pra dentro.
Neste final de semana fiquei uns 30 minutos acompanhando o sono do meu amor… Olhando o pulmão dele encher de ar e esvaziar… Fiquei lembrando das coisas que aconteceram conosco e pensando em como é bom estar ao lado dele…
Gostaria de poder contemplar a minha vida desta mesma forma… Sem me preocupar muito com o que está acontecendo, simplesmente aproveitando os momentos bons que tenho no trabalho, com os amigos novos que estou fazendo na faculdadade e com este chá maravilhoso que estou tomando agora (Chá preto com uma colher de chá verde e canela, sem açúcar)…
As vezes gostaria de executar uma função que não exigisse muito, sei lá, ser um carpinteiro, um pedreiro… Não um carpinteiro dos dias de hoje, que tem 30 peças pra fazer por hora.. Ou um pedreiro que precisa produzir perfeitamente e em grande velocidade… Mas uma profissão e vida mansa, sem conhecimento ou preocupações.
Onde se ganha o que se produz, come o que caça…
Nos dias de hoje parece que precisamos produzir e desenvolver cada vez mais para ganharmos a mesma coisa, mesmo tendo mais gente no mundo… Isso me deixa intrigado…
Com mais pessoas trabalhando, cada um poderia fazer a mesma coisa que se produziria mais, e com as melhorias, as pessoas poderiam trabalhar menos e ainda teríamos o suficiente pra todas as pessoas do mundo… Parece simples de resolver mas não é.. é o contrário. O problema do nosso modelo de vida (no meu ponto de vista) é que precisamos cada vez mais de coisas que não nos trazem nada além da vontade de querer mais. Redes sociais por exemplo.. Na minha adolescência também nos preocupávamos com roupas e com o que os nossos coleguinhas falavam de nós. Com notas na escola, com shows de bandas populares e em termos um walkman maneiro pra ouvir nossas músicas. Hoje os jovens se preocupam com tudo isso e também com quantos FarmMoneys conseguiram na sua fazenda virtual do Orkut ou Facebook. Quando temos mais necessidades precisamos de mais pessoas produzir e suprir estas necessidades.
Então um possível fazendeiro está hoje programando fazendas virtuais para divulgar um produto que vai fazer jovens gastarem dinheiro real em troca de passar mais tempo no computador cuidando de fazendas virtuais.
Os seus pais vao trabalhar mais tempo pra ganhar mais dinheiro pros seus filhos gastarem em fazendas virtuais e consumir mais tempo, não produzindo nada real. Gerando o dinheiro vazio..
Acho que estamos presos na roda da produção de dinheiro vazio…
Quem é funcionário público, trabalha com papéis e ganha dinheiro da burocracia…
Quem trabalha com tecnologia como eu e desenvolve soluções para melhorar a vida das pessoas está constuindo formas de ganhar esse mesmo dinheiro…
Enfim… Pra mim, o mundo está cheio de gente se preocupando com nada de real valor e deixando o que é real em segundo plano.
O real pra mim seria passar a tarde toda abraçado com a pessoa da minha vida, mesmo sem ter o que falar, mas, ouvindo o barulho da chuva….
Poder ir pra um parque a noite ver as estrelas sem se preocupar em ser assaltado.
Talvez eu esteja fazendo a coisa errada, ou esteja em depressão e precise ir a um médico pra curar uma doença dos nossos tempos, ou ver um filme, ou jogar um jogo novo no computador, ou ficar brincando com minhas fazendinhas de mentira, ou consumir cultura…
Perceberam?
Ciclo vicioso… Não vejo saída a não ser trabalhar mais e muito pra conquistar minhas férias merecidas e esperar pela minha aposentadoria… Ai quando eu tiver trabalhado 40 anos e meu corpo não for mais jovem eu poderei ter um pouco de descanso… Se tudo der certo, porque se der errado vou morrer antes de me aposentar.
Sabem… As vezes eu penso que se uma guerra mundial estourasse na coréia do norte, e a china apoiasse a coreia do sul e houvesse troca de bombas nucleares. matando 1 milhão de pessoas em 1 ano nós teríamos uma mudança real.
A economia mundial que é construída pelo ciclo produtivo da china seria interrompida, trazendo a queda do que entendemos como estabilidade mundial.
Como efeito do consumo excessivo de recursos, energia e materiais bélicos para alimentar a guerra, as calotas polares realmente deixariam de existir e mais 1 milhão morreriam em função das inundações…
O homem precisa da desgraça pra se tocar do óbvio.
O óbvio é que estamos fazendo tudo errado…
Bom, meu tempo está acabando… Preciso me arrumar pra trabalhar, mais um dia me espera e tenho muita coisa pra fazer, mesmo não tendo sentido algum.