Reduntante

Desculpa pelo meu último post redundante.
Postar sobre as mesmas coisas faz um tremendo mal. Como se eu estivesse em um ciclo interminável e irrelevante.
Mesmo assim eu ainda penso em outras coisas, na grande maioria das vezes não vale a pena escrever sobre elas.
Na verdade estou assustado com as coisas que passam pela minha cabeça.
Penso em me mudar para São Paulo, para o Rio de Janeiro ou para Cachoeira do Sul, penso em comprar um carro, penso em me atirar da ponte ou tomar todo o vidrinho de anti-depressivos.
Penso em malhar e ficar muito bonito, penso em fazer a barba, penso em raspar o cabelo ou procurar um cirurgão plástico para repor os fios que cairam.
Penso em sair, beber, gritar, dançar alucinadamente.
Penso em ficar em casa, vendo seriados depressivos na tv ou simplesmente ouvir qualquer música que esteja tocando em uma rádio aleatória.
Penso nele. Neles, em mim.
Me olho no espelho e monto personalidades com as minhas roupas. Removo todas elas e percebo que não tenho mais 20 anos. Existem tantas imperfeições. Tantas coisas bonitas foram ressaltadas, mas a idade é percptível na estrutura física, até na textura da pele.
Não estou velho, não me sinto acabado e absolutamente não penso ser pouco atraente, mas assim mesmo, percebo que a beleza mudou de nível e que este novo nível não é facilmente perceptivo aos que me observam.
Tenho gingado na dança mas não consigo entender os novos ritmos.
Tenho inteligência e sou um ser adaptável, mas não consigo gostar das mesmas coisas que eles gostam.
Tenho necessidades simples mas que não podem ser realizadas por outras pessoas, exceto aquelas que já o fizeram e descobriram como eu gosto.
Perdi a paciência de explicar minha forma de ser.
Perdi o interesse por relacionamentos fúteis, embora tenha a audácia e a segurança para ter qualquer relacionamento destes sem me machucar.
Estranho o que a idade carrega. Será este um pouco de sabedoria que todos falam?
Uma amiga que eu amo muito me disse que com o passar do tempo paramos de valorizar os acontecimentos passados e passamos a valorizar o momento. Também me disse que a segurança passa a ter um papel mais importante na seleção.
Ou seja. Passa a ter mais importância uma pessoa com estabilidade emocional e, porque não, financeira. Que te entenda e tenha condições de compartilhar as felicidades que as conquisitas proporcionam.
Eu sempre fui aventureiro. Sempre busquei o ciclista, o esportista, o ator, o músico, o estudante. Sempre quis pessoas que estivessem em um nível de construção e nunca em um nível de estabilidade.
Talvez seja este meu erro. Procurar na categoria errada.

Ainda creio que todas as pessoas tem uma coisa boa a oferecer, até os psicopatas doentes, emocionais e codependentes. Posso estar errado, mas esta lição eu ainda não pude aprender.
Da mesma forma, as pessoas hoje oferecem só a superficialidade, a futilidade e a velocidade.
Não é o que eu procuro mas é o que me apaixona.

Existe alguém ai como eu?
Alguém que consiga ouvir Mozart a tarde e a noite dançar Madonna?
Que possa planejar em um restaurante caro e refinado a viagem de final de ano. E que nesta viagem seja imprescindível mochilas, barracas, bicicletas e caminhadas a um local desconhecido?
Alguém que saiba aproveitar o por do sol no gasômetro e um filme de romance idiota ou um drama no cinema?
Que saiba rir de comédias francesas e entenda o humor comedido inglês?
Possa ler um livro, possa comparar um filme com o outro e ter impressões claras sobre as coisas?
Penso que esta pessoa não existe.
Procuro um menino de 30 anos, assim como eu.
Um garoto que mantenha a inocência, a ousadia e curiosidade da juventude, mas que tenha a sabedoria no mesmo nível que o meu.
Vou continuar procurando.
Nos lugares errados como sempre.
Esperando que no meio da zueira e da diversão exista o ser especial, que possua todas as qualidades que eu quero e que me permita amar seus defeitos.

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