A Raiva do Lobo – Mais uma lição
O Lobo segue em passos brandos pelos campos.
Mesmo com a sua sabedoria, acaba por ser surpreendido pelos tipos mais obscuros e nojentos;
Ninguém está preparado para estas coisas. Apenas a experiência de ter vivido;
No furor da caça, foi seduzido por esta entidade. Achou as curvas certas, o movimento adequado e abateu. Pensou que se tratava de um outro lobo, ou do esquecido caçador… Divertiram-se, no calor do momento foram para um quarto escuro. Chegou naquele lugar onde via-se muito pouco, ouvia ruídos de cópula e gemidos esganiçados.
A intimidade veio a público. Pessoas se aglomeravam ao redor para absorver o abate. Alguns tentavam roubar nacos de carne, mas eram afastados gentilmente. No fim foi só um ensaio, uma brincadeira acalorada. Ficou feliz por ter conquistado. Pensou até que poderia voltar a paz e fartura com aquele animal tão próximo.
Ficaram juntos aquela noite.
No tchau, o olho respondeu. – Até logo, quero te ver novamente, você parece ser legal.
…
Passaram-se alguns dias, novamente encontrou o outro durante a caçada. Sentiu-se relativamente feliz ao perceber que ele queria novamente ser tocado, acariciado, talvez quisesse dar sentido a vida dele.
Flertaram, conversaram, estiveram juntos por um tempo.
Mas a gazela vestida em peles negras e confusas acabou por mostrar a que veio.
Dissimulada, em um momento de desaviso, desapareceu.
O Lobo voltou a procurar, entrou em vários cantos e espiou em frestas. Viu o que não precisava ver…
Lá, no canto do quarto escuro estava ela, a gazela nojenta, obtendo prazer com outros tipos. Criaturas imundas. Estava há menos de 30 minutos a acariciando e agora ela estava ali… Entregue aos prazeres sem distinção.
Lá, no canto do quarto escuro estava ela, a gazela nojenta, obtendo prazer com outros tipos. Criaturas imundas. Estava há menos de 30 minutos a acariciando e agora ela estava ali… Entregue aos prazeres sem distinção.
Ficou chateado… Fazer tal coisa demonstra que não havia nenhum interesse a não ser o prazer que poderia obter. Sentiu-se usado mais uma vez. Lembrou de sensações há muito esquecidas. Lembrou de um certo massagista, lembrou de um motorista, lembrou de um jornalista… Sentiu-se mal…
Após alguns minutos, 10, 15, 20, uma cerveja, um cigarro, algumas diversões desnecessárias, surgiu a raiva.
A raiva que apenas o Alfa pode perceber. A raiva da destruição, a necessidade de infligir, machucar.
Ponderou, reagiu e executou…
“Ele estava de 4 no canto, obtinha prazer sexual com quem aparecesse. Vários outros rapazes estavam por ali para serem agraciados pelo próximo contato. 1, 2, 3… Percebi a quantidade de pessoas envolvidas na orgia. Precisava agir. Com a maldade na mente e a certeza do que faria, me aproximei a passos curtos, foco, estava com a arma pronta para o abate.
Convidei de forma tranquila. – Vem cá, agora é a minha vez…
Convidei de forma tranquila. – Vem cá, agora é a minha vez…
Vi um misto de satisfação e inocência, tal qual um doente viciado que observa a próxima dose de heroína sendo preparada.
Deixei que ele pensasse que eu estava ali pelos mesmos motivos.
Ele me tocava, me sorvia como um refugiado de guerra experimenta o primeiro bocado de alimento após 6 meses de fome.
Não sentia absolutamente nenhum prazer, só raiva e o plano fixo, foco…
Coloquei ele de 4, vesti uma proteção previamente guardada no bolso… Lubrificar pra que? Queria causar dor, queria ver a dor e absorver ela com meu corpo.
Posicionei a criatura. Entrei no corpo pestilento com força e raiva. Um grito, mas pediu para que eu continuasse… Continuei o movimento conhecido com agressão. O barulho, os gritos, a entrega… Todos vieram acompanhar. Eu estava abatendo. Estava currando… Ele permanecia tremendo, doia, mas agora sua posição era inferior. Pedia para parar mas agora sua honra estava manchada. Amigos dele que estavam vieram ver, comentavam. Eu descontava todas as mágoas naquele ato. Forte.. Mais forte… Sentia o corpo dele negando… Sentia os olhos de inveja, olhos de repulsa. Todos pararam pra acompanhar a ação.
– Por favor, para, está doendo muito. Repetiu mais duas vezes… Mais alto. Achei que já tinha feito o necessário.
Vaias foram ouvidas, palmas pela resistência, palmas pela ignorância… Assim que saí de dentro dele, um odor pungente e desagradável foi sentido. Odor de uma pessoa podre, relaxada, despreocupada. Percebi a vergonha no seu olhar. Removi cuidadosamente a proteção, joguei a borracha preta no chão, de forma que todos pudessem ver a vergonha.
– Porquê você fez isso? Porquê me machucou? Não estou me sentindo bem (olhos vermelhos, faces rubras de vergonha).
(O Lobo estava planejando a frase que diria a seguir fazia alguns minutos. A cada estalo, palmada e grito…)
Não disse tudo o que queria dizer, mas foi muito próximo do que eu havia pensado.
– Conheço putinhas relaxadas há muito tempo. Mas tu me enganou… Hoje tu não passa de mais uma na minha lista. Tenho nojo de saber que pessoas como tu existem…
Vesti minha calça calmamente. As pessoas se afastaram automaticamente. Ninguém queria ficar perto do monstro que estava passando.”
Após o momento, sentiu mais raiva. Raiva por ter sido ludibriado novamente.
Foi ao riacho, limpou as peles e o pelo, lavou o rosto… Saiu garboso, branco, limpo…
As criaturas observavam, algumas riam, outras comentavam em baixo tom nos seus dialetos esdrúxulos. O Lobo permaneceu em pé na relva. Simulava diversão (sua mente queria causar mais dor). Chegou um momento em que a gazela veio procurar, talvez pedindo desculpas… O Lobo virou o rosto. Estes animais não merecem um uivo, um grasnido.. Não merecem nada.
Tornou o episódio mais uma lição.
“Nunca mais me entregarei para alguém que pareça bonito. Nunca mais me deixarei ser seduzido. Sou Alfa, sou O Indivíduo que pode me modificar. Ninguém mais pode ou vai me trair de tal forma”
A beleza externa, as vezes, guarda uma podridão no interior. Muito difícil de ver, mas muito óbvio quando é percebida plenamente.
E o Lobo continua seus passos brandos… Uma pata a frente da outra… Cada dia mais distante do último caçador. Cada dia mais próximo do fim.